Parada obrigatória para quem visita Manaus, a capital do Amazonas, é o Museu do Seringal Vila Paraíso. Um passeio no meio da natureza, com uma viagem histórica ao passado que deu origem à capital. O museu foi construído, especialmente, para a produção do filme “A Selva” (2001) e o objetivo era que reproduzisse, fielmente, um seringal que existiu em Humaitá, no interior amazonense. O museu está localizado no lago São João e dista cerca de 25 minutos de Manaus em uma lancha rápida.

UM POUCO DE HISTÓRIA

O ciclo da borracha foi um momento da história econômica e social do Brasil, relacionado com a extração de látex pela seringueira e comercialização da borracha. Teve o seu centro na região amazônica, e proporcionou expansão da colonização, atração de riqueza, transformações culturais e sociais, e grande impulso ao crescimento de Manaus, Porto Velho e Belém, até hoje capitais e maiores centros de seus respectivos estados, Amazonas, Rondônia e Pará.

No mesmo período, foi criado o Território Federal do Acre, atual Estado do Acre, cuja área foi adquirida da Bolívia, por meio da compra no valor de 2 milhões de libras esterlinas, em 1903. O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 e 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

VISITANDO O MUSEU

O passeio já começa bem legal por conta da rápida viagem de barquinho até chegar em Vila Paraíso. Chegando lá, fomos recepcionados por um senhor bem simpático que nos disse ser neto de seringueiros e que foi o responsável pelo nosso tour de, aproximadamente, uma hora.

O tour começa pela casa do barão, a construção mais luxuosa do espaço. O casarão é mobiliado com móveis e objetos antigos e conta com quartos, cozinha e fogão à lenha, sala de jantar, sala de música e tudo é muito preservado para manter o museu em bom estado. Durante as visitas aos cômodos da casa, o guia explica a rotina do barão e da sinhazinha, filha do barão. Ele conta algumas curiosidades, por exemplo: o barão não tomava banho com a água do rio, que sua água era mineral, pois, segundo o barão, a água do rio sujava a pele por ser escura.

Saindo do casarão, logo ao lado, tem a casa de avivamento, local onde eram comercializados ferramentas de trabalho e alimentos para os seringueiros e onde os próprios seringueiros iam vender sua borracha para o barão. Vale lembrar que a maioria dos seringueiros eram nordestinos que fugiam da maior seca que a região enfrentava.

Os nordestinos já chegavam aos seringais completamente endividados pois o barão incluía custos de deslocamento na conta de cada um, chegando lá o seringueiro era explorado para pagar suas dívidas. Os seringueiros foram explorados por anos e como precisavam comer iam até a casa do avivamento e só aumentavam suas dívidas já que nem sempre conseguiam tirar mais de 50kgs de borracha por semana, o necessário para pagar suas despesas semanais.

Ao lado da casa do avivamento existe uma pequena capela, a capela de Nossa Senhora da Conceição onde, segundo a história, os seringueiros rezavam por uma vida melhor. A casa de banho das damas também é destaque na visita, uma banheira de frente para o rio com óleos de banho para a sinhazinha.

Um dos pontos altos da visita é quando o guia extrai o látex da seringueira, ele nos mostra como era tirado e explica que os seringueiros precisavam tirar dezenas das pequenas vasilhas para poder alcançar a meta da semana.

Para finalizar a visita, o guia nos leva por uma pequena trilha onde é possível ver a casa dos homens de confiança do barão e onde tem o tapiri, lugar em que os seringueiros transformavam o látex em borracha. No tour, há ainda um pequeno cemitério1. Aqueles que morriam durante o trabalho, segundo o guia, eram enrolados em redes e enterrados de forma improvisada em lugares muito parecidos. Por fim, a visita se encerra na casa de farinha, onde era ralada e prensada a mandioca.

PARADA NA PRAIA DA LUA

Na volta do museu, é possível pedir para o barqueiro deixar você na Praia da Lua para tomar um banho no Rio Negro. Existe também a possibilidade de ir pra Praia do Tupé, mas isso é mais viável se você contratar um barco exclusivo pro seu grupo pois a Praia do Tupé é mais distante. Essa praia, por sua vez, é mais bonita que a primeira.

COMO CHEGAR AO MUSEU

Pra chegar ao museu você precisa pegar um barco na Marina do Davi, então vamos por partes.

NA MARINA DO DAVI

Desde o centro da cidade você pode pegar dois ônibus até a Marina do Davi, o 120 e o 126. Ambos param na Avenida Getúlio Vargas e na parada de ônibus do Colégio Militar, lugares bem conhecidos no centro de Manaus. É fácil perguntar por esses dois pontos e ser direcionado a eles. Uma vez no ônibus, você desce apenas no ponto final,  logo a após a praia da Ponta Negra. Caso ainda tenha dúvidas, é só pedir para o cobrador avisar o ponto final do ônibus. Mas não tem erro, a Marina do Davi é um porto, quando vir o rio e os barquinhos, é lá mesmo. Atualmente, a passagem de ônibus custa R$3,80 em Manaus.

Outra opção2 é ir de táxi. Desde o Teatro Amazonas, no centro da cidade, até a Marina do Davi o táxi custa, em média, R$50,00 em bandeira 1 e R$60,00 em bandeira 2.

Atualização em junho de 2017: Agora temos Uber em Manaus, ou seja, você pode economizar no transporte indo de uber =)

COMO CHEGAR AO MUSEU VILA PARAÍSO

Chegando na Marina do Davi você procura o escritório da ACAMDAF e pega o próximo barco para o museu. Os barcos são de linha e vão parando em algumas comunidades e praias até chegar ao museu. Cada trecho custa R$12,00, ou seja, R$ 24,00 ida + volta. É importante ficar atento aos horários dos barcos. O museu funciona de 8h às 16hs e um bom horário pra pegar o barco é, no máximo, às 14horas. As saídas dos barcos são diárias a partir das 8h30 às 16hs de hora em hora.

QUANTO CUSTA VISITAR O MUSEU DO SERINGAL

Além das passagens de ônibus e das passagens de barco até o museu você também precisa pagar uma taxa de manutenção de R$5,00 por pessoa na entrada do museu. Dessa forma, o passeio não sai por menos de R$ 30,00.


  1. cemitério cenográfico

  2. talvez mais vantajosa pra quem está em grupo