Antes que você comece lendo o nosso relato dos dias que passamos fazendo o Circuito W, em Torres del Paine, vale à pena perguntar se você já viu nosso post com tudo que você precisa saber antes de ir a Torres del Paine, né? Se ainda não viu é só clicar aqui que você pode completar seu roteiro com as nossas dicas.
A gente já sabe que Torres del Paine é um dos parques mais lindos da América do Sul ou até mesmo do mundo, a gente sabe também que pode ser caro ir pra lá e que se você quer gastar pouco é preciso muita pesquisa e um esforço físico bem grande. Eu fiz esse relato dia por dia da nossa experiência para tentar descrever melhor as principais atrações do parque e encorajá-los a fazer o circuito com pouca grana que nem a gente, porque não é um bicho de sete cabeças não, todo mundo sobrevive e fica mega feliz apesar do esforço físico hehe. Mas caso você seja tenha mais condições financeiras e esteja disposto a pagar pela hospedagem nos refúgios e pelas comidas servidas lá, não tem problema, o importante é você se sentir feliz e aproveitar tudo que esse lugar maravilhoso pode oferecer =)
Curiosidade (resumão): O trekking se chama “Circuito W” por causa do seu formato no mapa que se assemelha à letra W, seu nível de dificuldade é de médio a difícil, é feito com duração média de 4 a 5 dias, e sua extenção é de pouco mais de 75kms.
DIA 1 – LAGUNA AMARGA – CAMPAMENTO TORRES (9kms)
Saímos de Puerto Natales no primeiro horário, às 7:30 da manhã, em direção ao parque. A viagem dura, aproximadamente, 2 horas e o caminho inteiro é muito bonito. Descemos do ônibus na Laguna Amarga e com os ingressos na mão começamos a caminhar até a Hosteria Las Torres. Por sorte, no meio do caminho um casal parou e nos levou até a Hosteria Las Torres, diminuindo nosso sacrifício em não pagar a van – que custa $3000 – até lá. De lá, caminhamos até o Campamento Torres, segundo o mapa, da Hosteria Las Torres até o Campamento Torres são 9km e foram 9kms de sacrifício. Era o nosso primeiro dia, nunca havíamos feito caminhadas com tantas coisas entre roupas, acampamento e comida, nossas mochilas pareciam ter 50kilos e psicologicamente estávamos abalados. Chegamos no Campamento Torres quase noite, nem deu tempo de subir até o Mirador Torres no mesmo dia, só montamos o acampamento e dormimos. O banheiro no Campamento Torres é só com o sanitário mesmo, não tem chuveiro. A água para beber e cozinhar você pega no rio ao lado do acampamento e a cozinha é uma cobertura pequena com prateleiras para apoiar os fogareiros, bem simples. Você não paga nada para dormir no Campamento Torres.
DIA 2 – CAMPAMENTO TORRES – MIRADOR TORRES (1km)
Acordamos muito cedo e estava chovendo com o tempo muito fechado, não dava pra subir pra ver as Torres. Foi um verdadeiro banho de água fria na gente, voltamos a dormir. Na segunda vez que acordamos, por volta das 9 da manhã, estava um dia lindo e imediatamente começamos nossa subida para o Mirador Torres. Depois de quase duas horas de subida, finalmente ficamos em frente às famosas Torres del Paine, nem dava pra acreditar que não tinha nenhuma nuvem ali e que o dia estava lindo demais. O mirador torres corresponde a uma das pontas do W. A gente se empolgou tanto com as torres que voltamos tarde e quando chegamos pra arrumar nossas coisas já era muito tarde e não dava mais tempo de ir pro Refúgio Los Cuernos. Dessa forma, ficamos mais uma noite no Campamento Torres descansando e explodindo de felicidade por termos visto as torres tão lindonas.
DIA 3 – CAMPAMENTO TORRES – REFÚGIO LOS CUERNOS (12kms)
Descansadíssimos, acordamos e fomos em direção ao Refúgio Los Cuernos. Todo o dia de caminhada tivemos a vista do Lago Nordenskjold que é incrivelmente verde e chega a doer nos olhos. Foi um dia lindo de caminhada, não choveu, não estava muito quente e todo o caminho era bem lindo. Chegamos no final da tarde no refúgio, segundo o mapa são 12kms de caminhada. O Refúgio Los Cuernos é pago e possui chuveiro com ducha quente de 9am – 10am e 19pm – 21pm. A cozinha é coberta, com mesas e bancos, pia para lavar a louça e água pra cozinhar direto da torneira. O camping custa $6.000 por pessoa, por noite.
Curiosidade: O acampamento de chama Los Cuernos porque fica aos pés de duas montanhas que parecem mesmo uns chifres heuhehue.
Atenção: no caminho do Campamento Torres para Los Cuernos tem uma placa indicando um atalho, com esse atalho você economiza até 1hora de caminhada.
DIA 4 – REFÚGIO LOS CUERNOS – CAMPAMENTO ITALIANO (5kms)
Quando deixamos o Refúgio Los Cuernos em direção ao Campamento Italiano estava chovendo, mas logo abriu um sol com um lindo arco íris para que pudéssemos caminhar na praia de pedras banhada pelo Lago Nordenskjold, coisa mais linda. A caminhada até o campamento italiano é bem tranquila e em muitos trechos a vegetação é um pouco mais alta. Chegando ao Campamento Italiano é possível caminhar até o Valle del Francés, são 7,5 kms desde o campamento italiano, numa subida que eu acredito que seja bem difícil. Ao final da trilha, o viajante tem como recompensa uma visão de 360 graus do vale florestal com as cadeias de montanhas que o cercam. Infelizmente nós não conseguimos fazer o Vale do Francês porque os ventos estavam muito fortes e o guarda do parque fechou a trilha, isso é muito comum. No campamento italiano a situação é bem mais precária, o banheiro é aqueles que tem um buraco com um cano, a cozinha é um barraco bem pequeno e a água se pega no rio ao lado do acampamento, mas ela é 10x mais gelada que dos outros rios do parque. O campamento italiano é grátis, você não paga nada pra dormir.
DIA 5 – CAMPAMENTO ITALIANO – PAINE GRANDE – REFÚGIO GREY (18,5kms)
Chegar ao Refúgio Grey e consequentemente ao Glaciar Grey era a última perna do W para nós. No caminho entre o campamento italiano e paine grande passamos pelo lugar mais sinistro do parque que é onde aconteceu um incêndio alguns anos atrás e hoje a estão só os galhos queimados. É quase impossível acreditar que uma bituca de cigarro fez tamanho estrago. Antes de chegar em paine grande é possível ter a visão completa do Lago Pehoé. O Refúgio Paine Grande fica às margens do Lago Pehoé e muita gente acampa em Paine Grande e faz o trekking de ida e volta até o Glaciar Grey, eu descartei essa ideia logo quando pisamos em Paine Grande. Ventava muito, muito mesmo, em alguns momentos eu quase fui junto com o vento, minha mochila não conseguia ficar nas costas. O camping Paine Grande não tem nada pra proteger do vento, você fica lá e tem que rezar pra ventar pouco. Quando vi aquele absurdo de vento encarei mais 11kms até o Refúgio Grey e chegamos lá não tinha nada de vento, maior tranquilidade. Armamos o acampamento e fomos até o Mirador Grey, de onde é possível ver o Glaciar Grey, é inacreditável a beleza daquele lugar. O Refúgio Grey é um dos melhores, os ventos são mais leves, tem água quente pra banho, tem uma cozinha bem grande e bem equipada e tem até um mini mercado com alguns itens de luxo, tipo carne. O Refúgio Grey cobra $6.000 no acampamento por pessoa e por noite.
DIA 6 – REFÚGIO GREY – PAINE GRANDE (11kms) – BARCO PARA PUDETO – PUERTO NATALES
Depois de uma noite muito bem dormida no refúgio grey, sem ventos e com temperatura agradável, acordamos cedo pois nossa intenção era pegar o barco de 12hs1 e fizemos os 11kms de volta até Paine Grande. O dia estava lindo, não ventava e a caminha de volta foi bem tranquila, com excessão de algumas subidas que exigiam um pouco mais. Chegamos exatamente às 12hs no porto e o barco atrasou um pouco, mas depois de 30 minutos já estávamos em Pudeto pegando o ônibus pra voltar a Puerto Natales. Chegamos em Puerto Natales por volta das 16hs e só pensávamos em comer e foi o que fizemos, compramos muita comida e comemos como se tivéssemos passado dias comendo apenas macarrão com atum e sopão magi. Na volta, dormimos mais uma noite em Puerto Natales no hostal Rio Tydal e no dia seguinte partimos para El Calafate =)
Gente, Torres del Paine foi uma grande aventura e foi sensacional. Fiquei completamente apaixonada e penso em voltar pra fazer o Circuito O. Não foi fácil o W, a maior dificuldade foi o frio e o peso das mochilas, mas não nos arrependemos, pelo contrário ficamos incrivelmente felizes ao final do trekking. Espero que as fotos do lugar inspirem vocês, boa viagem <3
Informação: Caso você não queira carregar acampamento é possível alugar os itens de camping nos refúgios chileno, grey e paine grande. Eles alugam barraca, saco de dormir, fogareiros e isolante térmico por uma pequena fortuna que eu não faço ideia de quanto custa.
essa altura do campeonato já tínhamos desistido de economizar no barco e caminhar mais um dia até Las Carretas↩
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