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Minhas últimas férias foram pro México. Passei 15 dias viajando sozinha por lá e voltei cheia de dicas e histórias pra compartilhar. Decidi que meu primeiro post sobre essa viagem seria para falar sobre segurança ou como eu me senti viajando sozinha pela maior cidade da América Latina e também por outras cidades do México. 

Eu não decidi isso à toa, na verdade, eu só decidi isso por causa da reação de todo mundo quando eu dizia que ia sozinha ao México. E a mesma coisa aconteceu quando eu cheguei lá, onde eu chegava e dizia que estava sozinha as pessoas se chocavam e diziam “toma cuidado”. Não sei se a reação tinha relação com o período do ano, já que passaria o Natal e o Ano Novo em outro país. Bom, eu tomei muito cuidado e estou de volta para contar minha experiência pra vocês =)

P.s: Eu vou contar como eu me senti em cada cidade que passei, daí assim vocês já vão ter uma noção do meu roteiro também 😉

P.s2: Eu pensei em desistir dessa viagem por vários motivos, mas o principal deles era o medo. A viagem foi decidida em menos de um mês e tudo aconteceu muito rápido, eu tava com medo de fazer tudo sozinha e algo dar errado por ter tido pouco tempo de planejar tudo melhor. As pessoas se assustavam muito quando eu dizia que ia sozinha e, de alguma forma, elas acabavam me assustando também. Enfim, o frio na barriga era real.

Cidade do México

Confesso que eu tinha muito medo da Cidade do México. Você lê em todos os lugares que é grande demais, que não pára, que é perigosa, que é isso ou aquilo. E é mesmo. É tudo que dizem. No primeiro momento me pareceu caótica, mas alguns minutos depois eu me senti como se já conhecesse. Vai ver o caos me atrai! Passei três dias por lá e, óbvio, não vi metade do que a cidade oferece.

Na Cidade do México eu fiz tudo sozinha, não tive companhia para nenhum rolê. Usei o transporte público em todos e foi  tranquilo. O metrô da cidade vai a todos os lados – afinal, é o maior da América Latina – e é de dar inveja! O preço é ótimo, $ 5 – aproximadamente R$ 1,00  – por trecho.

Na região do centro é comum encontrar turistas usando o metrô, mas eu fui e voltei do Estádio Azteca, que é bem mais afastado do Centro, e mesmo assim foi tranquilo. Nessa região, como em toda grande cidade, é necessário ter um pouco mais de cuidado, estar mais atento, mas não tive nenhum problema. Quando fui ao Estádio Azteca, senti que era uma zona um pouco mais perigosa, mas a estação fica bem em frente ao estádio, então é só ter um pouco de atenção e não se meter em lugares duvidosos.

É muito importante ter como se comunicar na Cidade do México, como eu ainda não tinha comprado chip nos primeiros dias, eu tive que caçar wifi, mas ter internet é fundamental para quem anda sozinha e não domina o idioma numa cidade desse tamanho. Meus hosts até se preocupavam e me perguntavam, durante o dia, se eu estava bem e se tinha encontrado os lugares que queria. Tão lindos! O chip custou $ 50 e um plano com internet ilimitada por 21 dias me custou $ 150. Você pode comprar chip na rua, na estação de metrô ou – o que eu recomendo – nas lojas de operadoras telefônicas.

Eu contei nos dedos as vezes que fui assediada por homens nas ruas da Cidade do México. Infelizmente, todas as três vezes foram no mesmo dia, o meu primeiro na cidade, e eu usava um short porque não tinha levado nenhuma calça. Óbvio que o fato de eu estar usando um short não lhes dava o direito, mas no mesmo dia eu comprei uma calça e nos dias seguintes usei calça sempre e, vejam só, não sofri nenhum assédio.

Curiosidade: Todas as linhas do metrô da Cidade do México possuem vagões – E ÁREA RESERVADA nas estações – EXCLUSIVOS para mulheres e crianças. Óbvio que a primeira coisa que eu fazia era procurar essa área quando entrava na estação, assim eu me sentia segura e ficava super tranquila usando a wi-fi grátis.

Oaxaca

Saí da Cidade do México para Oaxaca de ônibus, às 22hs, e cheguei em Oaxaca às 5 da manhã do outro dia. Como eu sou uma pessoa de muita sorte, meu host foi me buscar no terminal de Oaxaca. 

Oaxaca tem dois terminais de ônibus, um chamado Oaxaca Periférico e outro Oaxaca TAPO ou Terminal Central de Primera Clase, mas claro que todo mundo só fala TAPO. Comprei a passagem de ônibus pra chegada em Oaxaca Periférico porque era mais barato e não sabia a diferença entre eles. A diferença é que o Oaxaca Periférico está no centro da cidade, em uma zona um pouco “feia” e perigosa. O Oaxaca TAPO já é mais turístico e está bem mais próximo dos pontos de interesse turísticos da cidade e, claro, é mais seguro também.

De fato, não é muito seguro andar por aquela zona do terminal periférico, mas meu host foi me buscar então me senti bem andando com um local. Como Oaxaca já é uma cidade beeeeem menor que a Cidade do México, eu já me senti muito mais confortável em andar sozinha.

Devo dizer que Oaxaca foi a cidade que mais gostei no México – até agora, porque pretendo voltar ao país. Passei três dias na cidade e não tive problemas de assédio nas ruas, me senti super segura pelo Centro e, nas áreas mais afastadas, não senti medo como sentia na Cidade do México.

San Cristobal de Las Casas

San Cristobal de Las Casas é uma cidade bem pequena e eu realmente não passei do seu centro histórico e turístico. A rodoviária ficava na mesma rua de acesso ao centro e a maioria dos turistas são mexicanos.

Pelas ruas do centro, o assédio de ambulantes é grande e eu tive que prestar muita atenção na mochila e nas coisas que carregava. Fiquei apenas um dia em San Cristobal – SanCris, para os íntimos – e foi bem tranquilo. Minha dica sobre San Cristobal é, definitivamente, fique ao menos dois dias completos.

San Cris tem uma feira de artesanato muito famosa e muito movimentada. É preciso ter atenção com os pertences. Fora isso, não lembro de assédios nas ruas de SanCris, foi bem tranquilo, mesmo quando eu conversava com alguém e descobriam que eu estava sozinha.

Tulum

Meus incômodos com a segurança começaram justo na região onde eu mais queria chegar, na Riviera Maia. Tulum é uma vila (que já foi mais hippie) abarrotada de gringos, acredito que a insegurança vem do intenso fluxo de turistas. Depois de 10 dias dormindo na casa de couchsurfing, Tulum e Playa del Carmen foram os únicos lugares onde fiquei em hostels durante a viagem ao México e, digamos que minha experiência foi 50% boa e 50% ruim.

Minha primeira dica de segurança em Tulum é: não se hospedar do Hostal El Choco. Eu não costumo me queixar de hostels baratos, mas essa foi a primeira vez que não me senti segura em um hostel barato. A época que eu fui (última semana de dezembro) não me ajudou a encontrar um hostel bom e barato e essa foi a única opção que encontrei, mas definitivamente, não recomendo.

As instalações são OK, o que me incomodou mesmo foi a sensação de insegurança, não tinha ninguém na recepção quando cheguei, na minha reserva dizia que o ar condicionado estava incluso, mas não me deixaram ligar o ar porque disseram que tinha que pagar a mais, o café da manhã está incluso, mas fica em outro hotel e não é nada que valha $50, o wi-fi não funciona nos quartos, os armários estão caindo aos pedaços, ou seja, eu guardava meu passaporte lá e rezava pra quando eu voltar nada ter se desmontado e minhas coisas sumido. Além disso, um rapaz tentou entrar no quarto pela janela. Um pouco raro. Fiquei bem insatisfeita.

Tulum é massa, eu sempre quis ir lá, mas em todos os lugares os homens me “cercavam” quando sabiam que eu estava sozinha. Seja em restaurantes, entradas de pontos turísticos, mercados de compras, o assédio incomodava muito. Às vezes eu tinha que dizer que estava indo encontrar minhas amigas ou que estava com namorado, coisas do tipo. Em algum momento eu menti pra um rapaz que tentou puxar muito assunto na rodoviária e não satisfeito, depois de alguns minutos, ele perguntou “e cadê tua amiga que não chega?”. Senti um pouco de raiva e de medo nesse momento.

Bom, eu não sou uma pessoa que sai pra festas quando estou viajando, especialmente sozinha, e acabei não indo a nenhuma festa em Tulum, mas sim, Tulum é uma cidade que tem muita gente jovem, muita festa e muitas drogas. Passei 3 dias em Tulum e, óbvio, não foi suficiente, pretendo voltar porque tem muita coisa pra fazer lá.

Minhas dicas para Tulum são: não se hospedar no Hostel El Choco, não aceitar bebidas ou qualquer coisa de estranhos (nem acredito que a gente tem que dizer isso), não andar com muito dinheiro ou passaporte (manter tudo no cadeado, no armário do hostel), mentir que está com amigos ou namorado para evitar o assédio dos machos (infelizmente, a gente tem que se prestar a isso, né?), alugar uma bike e ir aos cenotes gastando pouco e em paz (essa é uma dica que não consegui segurar até o outro post pra dar, rs)

Playa del Carmen

Tal qual Tulum, Playa de Carmen está lotada de gringos, mas Playa é bem maior que Tulum e, claro, possui mais estrutura. As ruas e avenidas são mais iluminadas, mais opções de hospedagens e transporte. Playa me parece tranquila, mas a recomendação dos donos do hostel eram “não andar sozinha pelas ruas de madrugada e ter atenção com os seus pertences na praia e nas ruas”.

O assédio foi um pouco menor que em Tulum, mas a atenção com os pertences e com dinheiro na rua foram redobrados. Também não fui às festas de Playa, mas me senti mais segura que em Tulum em todas as ocasiões.

Falando em hostel em Playa del Carmen, eu me hospedei no Hostel La Perinola e a experiência foi ótima, de verdade. Hostel equipado, seguro, os donos são argentinos e são super atenciosos, ótima localização e o preço é ótimo (paguei 12 USD – R$ 48,00 –  por duas noites).