Rapa Nui – como é chamada pelos locais – ou a Ilha de Páscoa [chamada por nós, turistas] é um daqueles lugares que visitei e que até hoje quando olho as fotos fico me perguntando se é real. É um lugar tão lindo, tão mágico, que não adianta eu buscar adjetivos, você só vai saber estando lá. Pesquisar sobre a Ilha não foi tarefa fácil, poucas informações e as que encontramos eram muito antigas, tínhamos muitas dúvidas sobre tudo até chegar lá.

Das muitas coisas que você precisa saber sobre a ilha é que ela é pequena e você pode conhecer várias atrações no mesmo dia. Tudo vai depender do tempo, do transporte que você dispõe e, claro, de quanto dinheiro você tem pra gastar e todas as outras variáveis da sua viagem.

Nós passamos 5 dias inteiros por lá e dividimos nosso roteiro muito bem, conseguimos fazer tudo que tínhamos em mente, sem pressa, sem desespero e aproveitamos cada lugar muito bem. Como nós tivemos muita dificuldade em encontrar informações atuais, resolvi escrever esse post com dicas do que fazer na ilha e como organizar seu roteiro.

Ah! A ilha é divida em duas partes, o lado norte e o lado sul e essa informação é bem mais importante pra quem, como nós, não vai alugar carro, porque é necessário definir bem qual lado vai explorar por vez.

Dia 1: Chegada + Hanga Roa + Ahu Tahai

Os voos para a ilha, em geral, chegam à tarde. Nós chegamos às 13hs e todo processo de desembarque, check in no camping e organização das nossas coisas levou um pouco de tempo. Nós sabíamos disso e, por isso, não tínhamos grandes planos pra esse dia. Reservamos o resto do dia pra conhecer Hanga Roa, conhecer a área que estávamos hospedados e, claro, pro imperdível pôr do sol de Ahu Tahai.

Ahu Tahai é um complexo arqueológico, no lado oeste, que está bem perto de Hanga Roa, caminhando pela costa são apenas 5 minutos, desde o centro, na direção norte. Ahu Tahai abriga 7 moais, divididos em 3 ahus. O primeiro ahu, com 5 moais, é Ahu Vai Uri que é disputadíssimo para o pôr do sol. Um pouco mais à frente estão Ahu Taha, conhecido como o moai mais antigo da ilha e Ahu Ko Te Riku, que é o moai mais completo da ilha, com chapéu e olhos reconstruído, como deveriam ser todos os moais se o tempo não tivesse passado.

Curiosidade: Ahu significa ‘altar’ em rapa nui.

Dia 2: Lado Norte – Ahu Tahai – Ana Kakena – Ahu Tepeu – Ana Te Pahu – Ahu Akivi (Caminhando)

As duas principais atrações dessa rota são: Ahu Tahai e Ahu Akivi. Você começa a caminhada em Hanga Roa e a primeira parada é cemitério de Hanga Roa, é muito diferente e interessante. Em Ahu Tahai outra vez, é possível ‘conhecer’ os moais citados ali em cima, sem aquele monte de gente pra ver o pôr do sol. Durante o dia, essa região é mais calma e é possível fazer muitas fotos.

Saindo de Ahu Tahai, caminhando pela costa, você chega em Ana Kakena, também conhecida Cueva de las dos Ventanas e é isso que elas são, uma cova com duas janelas com vista para o pacífico. Lindíssima a vista, porém dá um pouco de medo entrar na cova escura – leve lanterna! É de Ana Kakena pra frente que o caminho fica mais calmo, a maioria das pessoas faz o trajeto de Ana Kakena a Ahu Akivi em carro, ou bicicleta, pela estrada. Com aquele sol de rachar, eu desejei ter um carro, mas segui firme.

O caminho de Ana Kakena pra frente é com muitas pedras e a sinalização pode ser ruim. Nesse caso, é bom garantir sapatos confortáveis, seguros e muita atenção na pouca sinalização que existe.

Depois de Ana Kakena é normal seguir para Ahu Te Peu. Bom, nós não encontramos Ahu Te Peu. Quando nos demos conta já estávamos na caverna Ana Te Pahu. Como eu disse, a sinalização não é das melhores, nós tínhamos um mapa, mas mesmo assim deixamos passar. Pelas minhas pesquisas, Ahu Te Peu é uma estrutura de blocos com moais desmaiados (talvez tenha sido por isso que deixamos passar, era nosso primeiro dia, ainda não sabíamos reconhecer moais desmaiados).

Ana Te Pahu é uma caverna que, segundo a história, serviu como habitação, refúgio nos conflitos tribais e até esconderijo para escravistas no século XIX. A caverna está cheia de bananeiras, é escura e você precisa ter um pouco de atenção para não escorregar. Não esquece a lanterna!

De Ana Te Pahu seguimos a caminhada e logo, aos pés do Monte Terevaka, estava a principal atração do dia, Ahu Akivi. Esse ahu é o único com todos os moais voltados para o mar. Impecáveis. Nós sentamos embaixo de uma sobra com água e lanches e descansamos da caminhada.

A volta foi de carona. Na saída de Ahu Akivi já conseguimos carona com duas chinesas que nos deixaram na estrada principal e em menos de dois minutos outro carro 1 parou pra gente e nos deixou em Hanga Roa.

Curisidade: Ana significa caverna em rapa nui.

Dica: O Monte Terevaka é um vulcão inativo e seu cume é o ponto mais alto da ilha. Desde Ahu Akivi é possível começar o trekking até o topo2. Infelizmente, nós não conseguimos ir até lá, por conta do cansaço e do calor, abrimos mão desse ponto, mas alguns amigos disseram que a vista lá do topo compensa.

Dia 3: Orongo – Rano Kau – Ana Kai Tengata (Caminhando)

Saímos do camping caminhando na direção sudoeste da ilha e nem precisamos de carona, pedimos informação pra um local, ele apontou a direção e logo encontramos a ‘entrada’ da trilha. Da entrada em diante foi só subida, muitas vaquinhas pelo caminho, muito sol. Cerca de uma hora subindo até chegarmos ao topo e chegando ao topo, vista incrível pro vulcão Rano Kau. A subida foi cansativa, mas valeu cada gotinha de suor.

Caminhando até a ponta direita do vulcão está Orongo,uma vila cerimonial onde, segundo historiadores e arqueologistas, ali foram realizados os primeiros rituais do culto ao homem pássaro e da corrida do ovo. Ali estão localizadas várias casinhas, construídas de pedras, que abrigavam os locais para a cerimônia para escolher uma tribo para comandar a ilha. A história é muito interessante e é surreal pensar que alguém sobrevivia ao pulo, nadava até as ilhas Mutu, que estão de frente para a vila, e voltava com um ovo de pássaro intacto. Quem ganhasse, comandava a ilha. A vista lá de cima é incrível.

No caminho de volta, descemos tudo em menos de uma hora e passamos pela caverna Ana Kai Tengata. A caverna está logo na saída do parque e tem um quisoque que vende sucos e frutas, muita gente deixa passar despercebido. A caverna possui algumas pinturas rupestres, mas a principal atração é o visual para o Oceano Pacífico.

Dia 4: Direção Norte + Praias de Ovahe e Anakena

Chegamos à parte mais “difícil” do roteiro pra quem, assim como nós, quer viajar de carona. No lado norte da ilha estão algumas das principais atrações da ilha e, claro, você precisa ir. Nessa parte, eu vou sugerir um roteiro ideal (pra quem tem carro ou bike) e vou dizer como nós fizemos pra conseguir ir em todos os lugares sem gastar nenhum centavo.

Ideal: Com o mapa oficial da ilha, você vai perceber que para chegar até Anakena você pode visitar todas as outras atrações no caminho. Saindo de Rapa Nui, de carro ou bike, você sai pelo caminho da costa ou pela estrada que vai pra Anakena. O ideal é ir pela costa e visitar os pequenos sítios pelo caminho até o “ponto final” que é Anakena. No caminho estão duas das principais atrações da ilha, Rano Raraku que é a fábrica de moais e Ahu Tongariki que são os 15 moais. Se você tem pouco tempo ou só dispõe de transporte pra um dia, sugiro que junte as 4 atrações em um único dia, pode ser um pouco corrido, mas dá. Se você dispõe de transporte por mais dias, separe um dia para as prais e o lado norte (exceto Rano Raraku e Ahu Tongariki).

Como nós fizemos: Não tínhamos transporte, mas tínhamos os dois dias pra conhecer as 4 atrações. Arriscamos as caronas e foi muito sucesso. Conseguimos uma carona pra Anakena, que é lindíssima, banhada pelo pacífico e com um ahu de 5 moais de costas pro Oceano. Caminhamos até Ovahe que fica a menos de 1km de Anakena. Ovahe é uma praia escondida, não está aberta para o lazer, mas entra na rota de muitos visitantes. É uma praia praticamente deserta, linda, água quentinha, anúncio de que não é permitido se banhar, mas fomos lá e nadamos por alguns minutos naquele lugar lindo. Dá pra fazer snorkel =) De Ovahe, arriscamos uma caminhada até Ahu Tongariki, não passavam carros e, por isso, não tentamos carona. O sol era escaldante, a distância nem é coisa de outro mundo, mas o sol destrói qualquer um. Por sorte, em algum momento conseguimos uma carona até Ahu Togariki, mas já estávamos bem destruídos haha.

Ahu Tongariki é, talvez, um dos lugares mais conhecidos da ilha. Sabe aquela foto com 15 moais de costas pro oceano? É o Ahu Tongariki. Impressionante. O lugar estava praticamente vazio porque a atração é o nascer do sol, nós só arriscamos ir naquele dia porque não tínhamos certeza que iríamos conseguir uma carona pro nascer do sol no dia seguinte. Na saída, pedi carona de duas mulheres (mãe e filhas, chilenas) por coincidência, estavam no mesmo camping que a gente e, vejam só, e ainda nos convidaram para irmos com elas ao nascer do sol.

Dia 5: Ahu Tongariki + Rano Raraku

Essas eram as atrações que nós mais queríamos ver e aposto que é assim pra maioria dos visitantes da ilha. Para chegar aos dois sítios é preciso de um meio de transporte e, infelizmente, as pernas não serão suficientes porque além de perder tempo, você vai torrar debaixo do sol.

Ahu Tongariki, ou os 15 moais, é um sítio arqueológico tradicionalmente visitado pela manhã, ao nascer do sol. Falando bem sério, é uma das cenas mais lindas de se ver. Eu lembro que fiquei tão chocada com a grandiosidade do lugar e com a beleza da cena que escorreu uma lágrima no canto do olho. O sol nasce por trás dos moais e fica uma disputa, totalmente compreensível, de quem tira a melhor foto do momento. Depois que o sol nasce, todos voltam pros seus hotéis porque os outros sítios só costumam abrir depois das oito da manhã, nós fizemos o mesmo e depois saímos novamente em direção a Rano Raraku.

Rano Raraku é a famosa fábrica de moais. O sítio é um vulcão inativo onde foram escupidos moais e posteriormente transportados para outros lugares da ilha e, por isso, é conhecido como a “fábrica dos moais”. Existem duas áreas para conhecer em Rano Raraku, nós começamos pelos moais, olhamos muitos de perto, observamos detalhes, fizemos comparações e escutamos um pouco de história dos guias que estavam em grupos. A segunda área do do parque está por trás de onde ficam os moais, é um lago,  com árvores, um ventinho, e muitos cavalinhos se hidratando. Rano Raraku também nos impressionou muito, existem mais de 400 moais, alguns que nunca foram finalizados e cada um com característica diferente.

Dica 1: No mapa da ilha, é possível perceber que pelo caminho da costa existem diversos outros sítios arqueológicos, menores, com menos moais ou com moais que não estão em pé, ou com outros tipos de pinturas. Nós fizemos o trajeto de Hanga Roa a Rano Raraku de carona com dois chineses e eles foram parando em vários desses pequenos sítios, é o que a maioria das pessoas fazem, se você tem transporte pode fazer o mesmo, se tá de carona é muito provável que os motoristas fiquem parando de sítio em sítio até chegarem aos principais.

Dica 2: Leve água e umas coisas pra comer =)

Ah! Se você chegou até Rano Raraku sem ingresso para a ilha, desista porque ali vão pedir. Dois lugares que certamente vão pedir os ingressos: Rano Raraku e Orongo. Você pode até se arriscar sem ingresso em outras atrações, mas nessas duas não será possível.


  1. um taxista que não nos cobrou

  2. 4 horas ida+volta