Manaus-Boa Vista-Santa Elena de Uairén

Quando fomos para o Monte Roraima fomos no voo direto de Manaus-AM  pra Boa Vista-RR da Azul e nos custou apenas 60,00 – sem taxas – o trecho de ida e esse VOO AINDA EXISTE, APROVEITEM!! Aparentemente, a Tam não opera mais nesse trecho e a Gol ainda o faz, mas com uma parada em Brasília(??).

É possível fazer esse trecho de ônibus,  segundo os sites das agências, a viagem dura aproximadamente 12hs, mas dura um pouco menos na realidade. É uma viagem não muito confortável, mas se você está indo pro Roraima a última coisa que você tá procurando é conforto. O valor do trecho varia de acordo com o horário que você quer ir. Você pode consultar os horarios e comprar as passagens nos sites da Amatur e Eucatur

Chegando em Boa Vista, você precisará de um transporte pra chegar até Santa Elena, em uma viagem de aproximadamente 3hs. Existem táxis que fazem uma espécie de lotação e cobram entre R$ 30,00 e R$ 40,00 por pessoa, se você estiver sozinho você vai esperar até que o taxista consiga outros 3 passageiros para partirem. Se você estiver em grupo fechado pode negociar com o taxista e se o grupo for de mais de 4 pessoas você pode entrar em contato com um dos contatos abaixo e negociar os preços. O June é venezuelano, mora em Santa Elena e constantemente está indo pra Boa Vista deixando ou buscando turistas e você pode tentar se encaixar em uma das viagens dele, o outro (não sei o nome) é de Boa Vista e faz o mesmo serviço. O preço é, em média, R$30,00 por pessoa também e os carros cabem 8 pessoas, ótimo pra quem vai em grupo, como foi o nosso caso.

JUNE: +58 4265864607

TAXI + de 4 pessoas Santa Elena: (95)9113-0903

No caminho pra Santa Elena você passa por Pacaraima (BR), registra a saída do Brasil e alguns metros depois já estão em Santa Elena pra registrar a entrada na Venezuela. Lembrando que brasileiro não precisa de passaporte, basta apresentar RG. Muitos falam sobre o RG ter no máximo 10 anos, não sei sobre isso, usamos passaporte e nosso amigo que usou RG o documento estava em perfeito estado e tinha menos de 10 anos de uso, então não tivemos problema nenhum.

Não tivemos nenhum problema para sair ou entrar 1. Entramos dia 25/12 e não tinha fila nenhuma, mas saímos início de janeiro e foi fila pra todo lado. É muito importante registrar -se para entrar e sair da Venezuela porque com a atual crise, tudo é motivo pra corrupção, então, melhor ficar atento!

Quando ir

As empresas e guias independentes operam durante o ano todo. Durante todo o ano você pode pegar chuva 2. Em algumas épocas chove menos e em outras as chuvas são mais constantes, anota aí:

OUTUBRO – ABRIL: período de MENOS chuva.

Vantagem: Evitar perrengues com chuvas

Desvantagem: Não ter o privilégio de ver as inúmeras cachoeiras no paredão do Monte

MAIO – AGOSTO: período que chove MAIS. Mais frio e mais chuva.

Dica de guia para contratar

É PROIBIDO subir sem guia, você precisa subir acompanhado de alguém que conhece o lugar. Então, se você está pensando em contratar uma empresa vai na fé já adianto que as empresas brasileiras geralmente cobram mais caro, mas pra quem tem dinheiro sobrando, tem empresa que leva até croissant com nutella e chuveiro 3.  Contratar o serviço na Venezuela sai muito mais em conta e os guias independentes não deixam a desejar. Tive o prazer de contratar o Antônio pra ser nosso guia e não me arrependi em NADA. O Antônio e a equipe fizeram um excelente trabalho, procuraram nos ajudar em tudo, inclusive  me levaram pela mão quando senti medo no Paso de las Lagrimas 4.

Contratamos o tour de 8 dias por R$900,00 por pessoa (26/12/2014 a 02/01/2015). Ele e a equipe nos trataram muito bem e foram responsáveis por banheiro, comida, acampamento e muitas histórias sobre o Monte.

Atenção: VOCÊ precisa levar o seu saco de dormir e o seu isolante térmico. Caso não tenha os itens, o Antônio aluga, mas a menos que você contrate um carregador extra, você precisa carregar todos os seus pertences pessoais e seu saco de dormir e seu isolante térmico.

Eu dividi um carregador extra com a minha irmã e pagamos R$360,00 pra ele carregar nossa mochila por 8 dias. Tenho 1,54ms e não tenho estrutura pra passar no Paso de las Lagrimas com meu mochilão, mas geralmente homens e mulheres com estrutura conseguem subir com as mochilas. O carregador extra carrega até 12kgs, leve só o essencial.

Contato Guia Antônio: +58 4249622689 ele fala espanhol, português e até inglês. Pode mandar mensagem pra ele 😀

Todo o time antes de descer o Roraima, o guia é o de camisa do BR azul =)

Todo o time antes de descer o Roraima, o guia é o de camisa do BR azul =)

Distâncias aproximadas

MAPA HORIZONTAL – MONTE RORAIMA

Dia 1 (26/12/14): Santa Elena – Comunidade Paraitepui – Acampamento Rio Tek

Chegamos na comunidade Paraitepui, que dá acesso ao Monte, mais ou menos às 12:40, a viagem de carro até lá desde Santa Elena dura aproximadamente 3hs e já está incluso no pacote contratado com o guia. Na comunidade o guia registra a entrada e também tem banheiro – é o último com vaso sanitário digno, aproveita -, além disso existe um comércio e você pode comprar uma coca-cola pro caminho hehe.

O Antônio serviu um almoço que é conhecido como “almoço do Roraima”, pão com queijo, presunto, tomate e cebola + suco artificial. É um bom e grande sanduíche, deu pra segurar a fome. Começamos a caminhada por volta das 13hs, o céu estava fechado e não dava pra ver o Monte Roraima, mas lá pelas 15hs o céu abriu e já dava pra ver o monte e a sensação é totalmente diferente, você fica até mais animado e o tempo todo pensando “como vou fazer pra chegar lá em cima?”, vai olhando o tempo todo pro Roraima até o acampamento do rio Tek.

São 12kms de caminhada e o tempo depende de cada um, mas o caminho não é difícil 5, uma única trilha, não dá pra se perder. Caminhe no seu ritmo e quando chegar, largue suas coisas e corra pro banho mais quentinho de toda a viagem, no rio Tek 6.

O primeiro acampamento é luxuoso perto dos outros, tem energia elétrica, cerveja e coca cola pra vender e até uma mesa paras as refeições, aproveite. O jantar foi servido por volta das 21hs e era muito bom (frango guisado, arroz e feijão e banana frita) =)

DICA: não se preocupe em levar água mineral, durante todo o caminho você encontra água, é só levar uma garrafinha e ir abastecendo. Muita gente leva produto pra purificar a água, mas pra mim, estava purificadíssima e não coloquei nada, eu só bebia. Felizmente, não senti nada. Provei a água “purificada” dos outros e tinha gosto, eu odeio água com gosto, então confiei na natureza.

Dia 2 (27/12/14):  Acampamento Rio Ték – Acampamento Base

Acordamos às 5:30 para sair às 8:00hs, não dá pra dormir até mais tarde por causa do barulho, as pessoas que estão voltando, acordam muito cedo e fazem bastante barulho. O café foi servido às 7hs e tinha arepas com ovos e café com leite 7 o café da manhã foi servido e nosso guia nos deu também nosso almoço para comermos no caminho 8.

Subir não é fácil, chegamos no paredão por volta das 12hs e por lá paramos pra comer, caminhamos mais um pouco e uns 50minutos depois o tão temido Paso de las Lágrimas estava na nossa frente. Fiquei chocada quando vi duas meninas subindo, chovia e a cachoeira estava bem forte caindo em cima delas, uma inclinação de uns 80graus, um deslize poderia ser fatal. Queria chorar e voltar pra casa haha fiquei com medo, mas resolvi esperar o meu guia e ir segurando na mão dele 9. Colocamos a capa de chuva e eu tremia de medo, mas fui em frente. Tava muito nervosa, hora ou outra eu gritava e dizia “onde eu piso agora?”, deu tudo certo, não vou dizer que foi fácil, pra mim não foi, mas há quem o diga HAHA.

Passado os 20 minutos mais tensos da vida, foram mais 50minutos subindo e chegamos ao topo do Monte Roraima. Quando chegamos lá em cima eu até esqueci o cansaço, fiquei muito feliz e logo me apaixonei pelo sapinho preto que só tem no Roraima, tão fofo gente, dá vontade de trazer pra casa. Você chega e já vai ficando surpreendido com tudo porque é tudo muito diferente do que já se viu na vida. Da chegada até o nosso acampamento 10 foram mais 40min de caminhada/pulos. Chegamos no acampamento e fomos pro banho – existem muitos lugares pra tomar banho, só precisa coragem – foi gelado 11 e o vento fez sentirmos facas no nosso corpo, mas foi relaxante e fala sério, você já está lá em cima, por que não tomar um banho frio lá em cima e curtir o momento?

Dia 4 (29/12/14): Acampamento São Francisco – Acampamento Quati

Nosso primeiro dia inteiro em cima do Roraima, uma expectativa gigante que logo foi frustrada pela chuva. Choveu A NOITE INTEIRA E O DIA INTEIRO. Foi o pior dia da viagem, entrei em desespero porque fiquei com medo de todos os dias serem assim. Caminhamos 6hs do acampamento São Francisco ao acampamento Quati embaixo de uma chuva forte e um vento forte. Foram 6hs sofridas, de muito frio, dor de cabeça e toda uma pressão psicológica.

Nossas roupas ficaram molhadas – sim, as das mochilas – tudo molhou. No Roraima nada seca, tudo molha. Foi um dia horrível e tudo que planejamos foi literalmente por água abaixo. Não vimos nada além de neblina e água. Por isso insisto, invista numa boa capa de chuva e em sacos plásticos grandes pra colocar roupas antes de colocar na mochila, invista também numa capa de chuva pra mochila caso não tenha e claro, remédios pra gripe e dor de cabeça. Ah! Não esqueçam dos equipamentos eletrônicos. O que mais me preocupava naquela chuva – além dos próximos dias serem ou não de sol –  era minha câmera estragar, graças a Deus não rolou nada de errado além das roupas molhadas. Chegamos no acampamento quase 16hs, exaustos e em silêncio, foi um alívio chegar lá, alguns nem comeram e só dormiram.

Dia 5 (30/12/14): Acampamento Quati – Lago Gladys – Acampamento Quati

Depois de mais uma noite inteira de chuva, finalmente ela deu uma trégua e saímos para conhecer o Lago Gladys, mas infelizmente, não conseguimos ver nada porque tinha muita neblina. Em cima do Roraima você tem que aproveitar o que a sorte te proporciona. Não conseguimos ver o Gladys, mas vimos paisagens maravilhosas, almoçamos numa cachoeira linda e demos a sorte do tempo abrir quando fomos aos dois mirantes do dia e ainda pegamos esse arco íris no final da tarde, nesse dia são cerca de 5hs caminhando também, caminhada lá em cima não é mais fácil porque você está sempre pulando de pedra em pedra e desviando do molhado, mas vale à pena.

Dia 6 (31/2012/2014): Acampamento Quati – Vale dos Cristais – Ponto Tríplice – El Foso – Acampamento São Francisco

Mais um dia acordando bem cedinho, visitamos o Vale dos Cristais, cruzamos o Ponto Tríplice e visitamos o El Foso, foi um dia lindo, ensolarado, calor e dava vontade de tomar banho em todas as cachoeiras. A idéia era chegar cedo de voltar ao acampamento São Francisco e no final da tarde visitar a La ventana e as Jacuzis, mas alegria de pobre dura pouco. Era 31/12 e a noite de réveillon em cima do Roraima estava mais concorrida que em Copacabana. ABSOLUTAMENTE TODOS OS ACAMPAMENTOS ESTAVAM LOTADOS, não conseguimos uma caverninha protegida do vento e da chuva pra acampar e o jeito foi acampar no meio do nada mesmo, sem proteção alguma. Foi a noite mais tensa da viagem porque choveu muito, foi muito frio e molhou dentro das barracas. Foi difícil, mas sobrevivemos e tomamos vodka pra esquentar e brindar 2015 =)

DIA 7 (01/01/2015): Jacuzzi – La ventana – Acampamento Base – Acampamento Rio Ték

Não nos conformamos em descer sem ir até a La ventana. Nosso guia decidiu nos levar e em 50min desde o acampamento São Francisco conhecemos a famosa ventana e as jacuzzis. A vista é sensacional e dá um pouco de medo, mas é só fazer exatamente como o guia manda e tudo ficará bem. OUÇA O GUIA!!

Voltando pro acampamento fomos direto pra descida, no primeiro dia de descida você tem que caminhar até o Rio Ték 12 ou seja, até 12hs você tem que chegar ao acampamento base, comer e continuar até o acampamento do Rio Ték, os amigos conseguiram chegar mais cedo, mas o Fernando passou mal o dia inteiro, então fomos mais lentos e chegamos quase às 17hs no Rio Ték, direto pro banho e direto pra barraca dormir.

Atenção: DESCER É MUITO DIFÍCIL! Os degraus são altos e é necessário ter muito cuidado com os joelhos, qualquer vacilo e o joelho pode ir pro saco e  prejudicar sua descida. Lembrando que na descida em um único dia você precisa fazer o percurso que fez em dois dias de subida, pode parecer que “pra descer qualquer santo ajuda”, mas vai com cuidado.

DIA 8 (02/01/2015): ACAMPAMENTO RIO TÉK – SANTA ELENA DE UIARÉN

Saimos bem cedo pra chegar, no máximo, às 12hs pra FINALMENTE COMER UM FRANGO ASSADO COM FAROFA por conta do guia que nos leva em um restaurante perto da vila de Paraitepui. As pessoas costumam fazer o último trecho bem rápido e terminam entre 10 da manhã, mas Fernando estava indisposto e acabamos atrasando nossa chegada, os amigos chegaram bem cedo e ficaram esperando.

Foi um almoço de despedida com direito a muita comida e muita felicidade, serei eternamente grata ao Antonio e ao time dele que nos tratou super bem e fizeram tudo para nos manter seguros. O Antonio não gosta de despedidas e quando chegamos em Santa Elena ele simplesmente sumiu e só depois percebemos que ele não queria se despedir. Vez ou outra trocamos mensagens porque ficou um carinho muito grande e porque a gente pretende voltar ao Monte.

Como agradecimento, fizemos uma cota e todos juntamos algo em torno R$200,00 que foram divididos em partes iguais entre os membros da equipe e os deixou bem felizes.Você não é obrigado, mas eles trabalham tanto e eles são tão batalhadores que eles merecem sim. Quando não tem viagem pro Roraima eles trabalham de tudo, pedreiro, vendendor, eletricista…então, qualquer real ajuda muito.


  1. exceto a fila da saída

  2. aliás, acredito que seja impossível não chover lá em cima durante sua estadia por lá

  3. e ainda esquentam a água pra você tomar banho

  4. VOCÊ TAMBÉM VAI SENTIR MEDO

  5. exceto pelas duas primeiras subidas que são de tirar o fôlego

  6. a água é bem gelada, mas nada comparado com o que vem pela frente

  7. arepa é um como um pão redondo e frito, mas com massa de milho, eu gostei, mas é bem pesado[/foonote]. As refeições são servidas em grandes quantidades, não se preocupe se você come muito. Os carregadores só comem depois que os turistas comem e muitas vezes comem o que deixamos no prato, então tenha consciência e pegue só o que for comer e lembre que você não é o único que vai comer.

    Saímos às 8 e de início já atravessamos o Rio Tek e meia hora depois atravessamos o Rio Kukénan. Você deve atravessar ambos os rios de meias pois as pedras são escorregadias, seu guia vai dizer isso, escute-o sempre! Passado o ritual, coloca meia molhada e troca pela seca (2x), segue em frente, são algumas subidas que vão exigir um pouco mais de você, o sol também pode te incomodar [footnote]pra galera de Manaus, nem tanto haha[/footenote]. São aproximadamente 11kms do rio Tek até o acampamento base, em média 5hrs de caminhada, mas depende de cada um, respeite seu corpo e seus limites!

    Chegamos no acampamento base por volta das 15hs rolou o banho mais gelado da vida e também o mais revigorante. Foi um dia cansativo, mas aquela água extremamente gelada, mudou tudo. O almoço foi salada MARAVILHOSA de atum – prepare-se que você vai comer muito atum – com pão e suco artificial. Curtimos o final da tarde no acampamento base com o paredão do lado e um lindo arco íris. No acampamento base você já vê o paredão bem de perto e a curiosidade só aumenta pra saber como é que você vai subir aquilo. Nos foi servido o jantar, e por volta das 21hs já estávamos prontos pra dormir e descansar pra grande subida. ah, no acampamento base o frio já começa a apertar, mas nada como o que está por vir =P

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    Dia 3 (28/12/14): Acampamento Base – Topo do Monte Roraima

    Acordamos cedo pra começar o 3o dia de caminhada, só que dessa vez, rumo ao topo do Roraima. A ansiedade era muita, mas por causa da chuva saímos do acampamento base às 9hs da manhã [footnote]geralmente saem entre 7hs e 8hs

  8. pão com ovo+tomate+cebola, uma tangerina, um doce de banana e um biscoito clube social

  9. afinal, ele já subiu 115 vezes e não caiu, definitivamente, não ia ser na 116 que ele ia cair haha

  10. acampamento São Francisco, como os guias chamam

  11. não tão gelado como no acampamento base

  12. o acampamento do primeiro dia de caminhada